A Barragem de Foz Tua vai dar uma oportunidade única aos engenheiros de destruírem, de forma monitorizada, edifícios, muros e pontes, para estudarem resistências estruturais e fazerem melhor conservação das construções da época da linha do Tua.

"É uma novidade na área da engenharia, com vista a tornar as reabilitações e as recuperações de construções, que usavam aquele tipo de técnicas, mais seguras, perfeitas e mais fáceis", afirmou hoje o investigador Eduardo Beira, do MIT Portugal.

Eduardo Beira coordena o estudo histórico da linha ferroviária do Tua e do vale do Tua, que envolve ainda investigadores da Universidade do Minho, e está a ser realizado no âmbito do Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua.

Há dois anos que a EDP está a construir a Barragem de Foz Tua, entre os concelhos de Alijó (Vila Real) e Carrazeda de Ansiães (Bragança), que se prevê que entre em funcionamento em meados de 2016.

Este empreendimento implica a submersão de parte da linha ferroviária do Tua, construída há cerca de 130 anos.

O investigador, que falava em Alijó, à margem de uma conferência sobre a linha, referiu que, antes de se começar a encher a barragem, vão ser feitos trabalhos experimentais, aproveitando as estruturas que vão ficar submersas.

"Os engenheiros têm geralmente poucas oportunidades de encontrar edifícios para deitar abaixo, ou de estruturas, pontes para destruir, de forma monitorizada, com vista a estudos estruturais", salientou.

Objeto de estudo vão ser, por exemplo, os edifícios das estações, os muros de suporte da linha, as pontes ou os túneis.

"Também se aprende e muito com a destruição, se ela for feita de maneira controlada, para tirar dados sobre as resistências estruturais e para poder depois fazer melhor conservação", sustentou.

Para o investigador, esta "é uma componente relativamente original do estudo porque esta parte de história de construções é menos habitual do que a história propriamente da visita do rei ou das biografias das pessoas".

A investigação sobre a linha do Tua junta engenheiros, economistas, arquitetos, humanistas e sociólogos com o objetivo de revelar uma visão multidisciplinar do impacto dos caminhos-de-ferro.

PLI // JGJ 
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