O investigador do MIT Portugal Eduardo Beira considerou hoje, em Alijó, que o plano multimodal proposto para o Tua, que junta o comboio, funicular ao barco, vai "permitir ressuscitar" a linha ferroviária do Tua.



"É um mal menor, é o passar dos tempos, as infraestruturas também morrem, não são eternas. É aquilo que é possível fazer com uma linha que foi feita há 130 anos em condições e circunstâncias completamente diferentes", salientou o responsável.

Eduardo Beira coordena o estudo histórico da linha ferroviária do Tua e do vale do Tua, que envolve ainda investigadores da Universidade do Minho, e está a ser realizado no âmbito do Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua.

A construção deste empreendimento implica a submersão de parte da linha ferroviária do Tua. Em consequência disso, foi elaborado um plano de mobilidade, que está a ser gerido pela Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT), e vai implicar um investimento de 40 milhões de euros.

À EDP caberá um investimento de 10 milhões de euros, enquanto os 30 milhões de euros serão provenientes de fundos comunitários.

Para o Tua propõe-se um sistema multimodal, que começará pelo transporte ferroviário até à barragem, com subida do paredão através de um elevador panorâmico (funicular) e depois viagem de barco até à Brunheda, onde se entrará novamente no comboio até Mirandela. A linha será reabilitada entre a Brunheda e o Cachão.

"Isso é um ressuscitar de uma linha que, neste momento, está parada", salientou Eduardo Beira.

Para o investigador, este plano, dentro de um contexto especialmente turístico, "pode ser uma grande oportunidade para a região".

"Um renascimento em moldes um pouco diferentes, mas o possível numa linha com 130 anos e construída com características que tornam muito difícil a sua reabilitação como linha de transporte interlocal", frisou.

O especialista falava à margem da conferência internacional "Railroads in Historical Context" que reúne, em Alijó, 40 investigadores internacionais, operadores turísticos do Douro e responsáveis pela EDP.

O operador Ricardo Costa, que trabalha na zona do Pinhão (Douro), afirmou que a sua empresa está interessada neste novo produto turístico proposto para o Tua, que diz que pode potenciar a vinda de mais turistas ao território.

"É uma área nova, é uma captação de negócio novo que tem vantagens e riscos enormes, há aqui aspetos delicados a ter em consideração uma vez que vai haver interligação entre barco, funicular e comboio. Temos que articular tudo isto", salientou.

Também a operadora Matilde Costa considerou que este produto pode ser "uma mais-valia" que se pode articular com o trabalho já desenvolvido pela sua empresa no Douro.

David Salvador trabalha na parte do Douro Internacional e considerou também que se trata de um "projeto com muito futuro e hipóteses".

A barragem de Foz Tua representa um investimento de 370 milhões de euros e deverá entrar em funcionamento em setembro de 2016.

A construção deste empreendimento tem sido muito criticada por ambientalistas e defensores da linha do Tua.

Lusa

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