O Pinhão, pequena vila ribeirinha do concelho de Alijó centrada na região vinhateira do Vale do Douro e coração da área Classificada pela UNESCO com Paisagem Cultural Evolutiva e Viva, boicotou ontem as eleições presidenciais.
Às 8h00 da manhã os cadernos eleitorais desapareceram, seguindo-se uma concentração espontânea da população junto da Casa do Povo, o que impediu o normal funcionamento do acto eleitoral.Apesar do aparecimento da GNR local, os habitantes do Pinhão não deixaram de continuar com o seu protesto que tem como principal base de descontentamento a forma como esta vila têm vindo a ser tratadal.
A retirada de efectivos da GNR, o corte de alguns horários de comboios por parte da CP, a transferência de dois carteiros do posto local para a estação dos CTT de Alijó, o possível encerramento do Centro de Saúde e o fecho da ponte para obras que está previsto demorarem cerca de três meses, foram as razões evocadas pelos pinhoenses para alicerçarem este acto.
A acção tinha vindo a ser preparada desde a passada semana, tendo circulado na vila um número significativo de panfletos que apelavam à abstenção.
A insatisfação dos habitantes do Pinhão materializou-se na colocação de alguns cartazes frente ao edifício onde foi instalada a mesa de voto, podendo ler-se: "Não queremos ser só uma colónia de férias. Também somos portugueses" ; "O que tivemos e o que foi tirado: comboios, correios e GNR. Entreguem-nos a Espanha".
O Pinhão tem inscritos nos cadernos eleitorais 870 eleitores, devendo as eleições repetirem-se na próxima terça-feira.Na sequência do protesto foi formada uma comissão de cidadãos espontânea e solicitada uma audiência ao Governador Civil, para que a população possa expor as suas preocupações.
Essa comissão será recebida hoje à tarde na sede do Governo Civil de Vila Real.
NN [23-01-2006]
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