A acusação é objectiva: "Bragança é mais centralista que Lisboa". Quem o afirma é Aires Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo.
A polémica agora suscitada pelo edil de Moncorvo teve como álibi o movimento generalizado de desagrado de alguns stands de automóveis de Bragança que não viram com bons olhos a notícia da instalação de um centro distrital de inspecções da categoria B, unidade de vistoria técnica para carros importados ou acidentados, em Torre de Moncorvo.
Aires Ferreira aproveitou essas manifestações de desagrado para descarregar as suas acusações sobre a zona norte do distrito de Bragança.
Na perspectiva do autarca, o norte do distrito de Bragança tem sido pouco solidário com os concelhos meridionais, ao contrário do que no passado aconteceu aquando da construção do IP4. Nessa altura, todo o distrito se debateu pela construção do principal itinerário de Trás-os-Montes, mas depois esqueceu-se o apoio e a solidariedade que foram dados. Construiu-se o IP4, estrutura rodoviária que vai ser brevemente duplicada, mas “os Itinerários Principal nº 2 (IP2) e o Complementar nº 5 (IC5) continuam por construir. " Por isso, afirma Aires Ferreira, “já vão sendo horas de o norte do distrito retribuir o apoio que o sul dispensou aquando da construção do Itinerário Principal nº 4 (IP4)".
O mesmo tipo de comportamento revelaram os responsáveis do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) que em conluio com a capital do Distrito solicitaram o apoio de toda região para a passagem do IPB a Universidade, mas, sublinha Aires Ferreira, a Direcção deste estabelecimento de ensino superior “não mostrou solidariedade para com Moncorvo, quando se aventou a possibilidade de se instalar naquela vila um pólo do instituto”.
Para Aires Ferreira na capital do Nordeste está arreigada uma “mentalidade centralista” que a cada passo se revela através da política e da cultura. O autarca localiza a origem do problema nas “elites intelectual e empresarial” que residem na cidade de Bragança.
O presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, eleito pelo PS, conclui as suas acusações afirmando que "se a região está atrasada não é só culpa dos políticos de Lisboa, também é da própria região".
[25-02-2005] L.P
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