O ministro da Educação realçou a importância do encontro, que é «muito importante para Portugal e para Bragança» e que «permitiu partilhar experiências, discutir os desafios do futuro, interagir com os nossos colegas de muitos sítios do mundo e procurar soluções para os desafios comuns».
O encontro, organizado pela UASnet, pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e pelo Instituto Politécnico de Bragança, reuniu universidades de ciências aplicadas (UCA) - conhecidas em Portugal como institutos politécnicos (IP) -, da Europa, América do Norte, América do Sul, África e Ásia, para debater o sistema de ensino de ciências aplicadas.
Nuno Crato definiu uma prioridade para o ensino superior politécnico: captar mais população estudantil. «É bom para eles e é bom para o país e para a Europa», defendeu. Também a cooperação internacional é uma prioridade, pelo que o ministro defendeu «este é o caminho da ciência e da educação», referindo-se aos protocolos de cooperação assinados no evento, que permitirão a 4.500 estudantes brasileiros estudar nos próximos três anos nos IP de Portugal, e dando o exemplo do IP Bragança que tem 15% de estudantes internacionais, e que permitirão ainda o reconhecimento mútuo de cursos para mobilidade de profissionais já formados.
O governante mostrou-se muito satisfeito com as parcerias que os IP portugueses estabelecem com as entidades regionais, além da qualidade dos profissionais, defendendo ainda parcerias com as escolas profissionais secundárias, pois «os IP têm aqui um papel único (…), vocês são um recurso único nesta área em Portugal». Nuno Crato terminou a sua intervenção dizendo-se disponível para trabalhar com os IP nestas e noutras questões estratégicas.
João Sobrinho Teixeira, presidente do CCISP, defendeu a emergência das regiões na Europa e do seu desenvolvimento, referindo-se a uma «família europeia», mas também à escala mundial, onde a unidade de denominação assumiria um papel preponderante. Sobrinho Teixeira destacou a proatividade do CCISP no estreitamento de relações entre as UAS do resto da europa e o Brasil, referindo-se ao memorando de entendimento assinado entre a UASnet, o CCISP e o CONIF. Sobrinho Teixeira agradeceu ainda o apoio e confiança da UASnet ao CCISP, na pessoa do seu presidente Tim Creedon, nesta tarefa, contribuindo dessa forma para a afirmação dos IP na europa.
O ministro da Educação realçou a importância do encontro, que é «muito importante para Portugal e para Bragança» Tim Creedon disse considerar a presença do ministro da Educação um sinal do maior reconhecimento do importante trabalho que os IP desempenham em Portugal. Creedon considerou ainda que o estreitamento com os institutos federais do Brasil, formalizado na conferência, permite criar parcerias mutuamente benéficas de aprendizagem e de boas práticas no ensino superior. Para Tim Creedon a 2.ª Conferência da UASnet permitiu perceber a variedade e qualidade das UCA, e conhecer o que se faz em todo o mundo. «Mostrámos a importância do papel que as UCA desempenham no ensino superior nacionalmente e na Europa, e o papel fundamental que desempenhamos no desenvolvimento da economia e inovação». «Temos de aproveitar a oportunidade que o Horizon 2020 nos oferece nos próximos dois anos, é correto fazê-lo e estamos preparados, juntos».
Para Creedon a diversidade de países presentes e a natureza dos testemunhos e estudos partilhados na Conferência mostram que há as mesmas oportunidades e desafios em todo o mundo, defendendo que «podemos contribuir para um melhor ambiente social».
António Jorge Nunes, presidente da Câmara Municipal de Bragança, felicitou os acordos de cooperação formalizados, que «unem continentes através da ciência», defendendo que «a equipa tem de construir coesão contando com as diferenças culturais e de identidade» e acrescentando que «a construção dos países faz-se com mais e melhor educação». «O valor do conjunto supera em muito a soma das partes», disse, realçando «o contributo das UCA, nos tempos que atravessamos, em termos de economia de inovação». O responsável defendeu ainda que tendo em conta o papel dos politécnicos, nomeadamente no que toca ao desenvolvimento regional, na qualificação e competitividade das cidades e da coesão do país, é imperativo que os IP se possam chamar universidades de ciências aplicadas, como acontece no resto da europa, o que lhes daria mais afirmação.
A internacionalização é o imperativo do século XXI na educação
Pat Mc Laughlin, do Instituto de Tecnologia de Tallaght, Irlanda, enfatizou neste segundo dia da 2.ª Conferência da UASnet, a questão da internacionalização, defendendo as parcerias que acrescentem valor não só para as instituições envolvidas como para os estudantes. «Queremos equipar os estudantes para a realidade de viver e de trabalhar globalmente. É preciso integrar a cidadania global nos programas de ensino superior, e reconhecer o valor do relacionamento peer-to-peer». Este mesmo especialista defendeu a internacionalização como o «imperativo do século XXI na educação», considerando necessário «expor os estudantes a um campus global que valorize a diversidade».
Mc Laughlin defendeu que será necessário às UCA europeias investir no recrutamento de estudantes de pós-graduação para programas de investigação, avançar com alianças estratégicas entre UCA, apostar em consórcios, fazer avaliações de benchmarking, continuar a apostar nas UCA como motores do desenvolvimento regional, e também na sua diversificação, e caminhar no sentido de criar condições para que as redes de ensino superior possam contribuir para um objetivo global. Este especialista defendeu uma nova geografia do pensamento, que traz novas perspetivas para a educação no mundo, que estabelece a cooperação na educação e é o primeiro passo para uma parceria cada vez mais global.
Minna Soderqvist, docente e investigadora da UCA de Kymenlaakson, Finlândia, realçou também os desafios da internacionalização no setor das UCA, defendendo que a perspetiva é ir para os países em desenvolvimento, «por que não ir para África? É um continente em crescimento», frisou. A mesma especialista destacou que cerca de 95% das UAS não estão internacionalizadas, mas esclareceu que esse desafio não passa apenas por enviar e receber estudantes, passa por fazer graus duplos, por colaborar em investigação, desenvolvimento e inovação, internacionalizar mestrados (com mobilidade física dos estudantes), e facilitar o acesso dos imigrantes ao ensino superior. E deixou as pistas para a resolução destes desafios: há que perceber por quê e como internacionalizar, garantir financiamento, e medir os resultados da internacionalização face aos objetivos iniciais.
Sobre a UASnet A UASnet - Universities of Applied Sciences Network / Rede de Universidades de Ciências Aplicadas congrega associações de UCA de dez países europeus: Dinamarca, Estónia, França, Irlanda, Lituânia, Portugal, Finlândia, Holanda, Flandres e Suíça. A Rede pretende reforçar os contributos das universidades de ciências aplicadas para a estratégia de investigação e inovação da Europa, contribuindo desta forma para aumentar a competitividade da União Europeia. Por ser composta por instituições com fortes ligações ao tecido empresarial, a rede está posicionada de uma forma única para tirar partido das relações próximas entre os seus membros e os setores empresarial e industrial por toda a Europa.
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