«A população da aldeia da Burga, no concelho de Macedo de Cavaleiros, insiste em beber água contaminada com arsénio. Desde Novembro de 2004 que a autarquia detectou altos níveis de arsénio não permitidos por lei, quando fazia uma das análises regulares à água que abastece a localidade.
Preocupada com a situação, a Câmara Municipal pediu a três laboratórios distintos e imparciais a elaboração de análises, e todos eles apresentaram elevados níveis de presença deste metal na água.
Ao tomar conhecimento do caso, o IRAG (Instituto Regulador de Aguas e Resíduos) ordenou o fim do abastecimento público de Burga, a partir da “mãe de água” actual. Aconselhou mesmo o fornecimento de água à população através de cisternas e com a ajuda e disponibilidade dos bombeiros. O referido instituto incumbiu a autarquia de encontrar uma forma de solucionar o problema. Segundo Cristina Silva, responsável pela Divisão do Abastecimento Público do concelho de Macedo de Cavaleiros, a alternativa da câmara passou pela “construção de um furo artesiano que funciona como uma nova forma de tratar a água e ligá-la à rede pública”.
Contudo, mesmo perante o alerta de Inácia Rosa, delegada de saúde, a população insiste em beber a água da nascente actual, mesmo que esta esteja imprópria para consumo, pois alegam que há largos anos que aquela “mãe de água” oferece à população um abastecimento gratuito.
Pouco a pouco, o arsénio vai-se acumulando no organismo e leva mesmo ao aparecimento de problemas gastrointestinais (diarreias, vómitos e náuseas), e carcinomas vários (pele, fígado e pulmão).
As obras do furo artesiano e da Estação de Tratamento de Águas já estão avançadas e falta apenas o fornecimento de energia por parte da EDP, para que possa ser retirada água desta captação para análise. Mesmo contra os princípios da população, a autarquia de Macedo de Cavaleiros vai continuar a avançar com a obra, uma vez que a edilidade é responsável pelo controlo e distribuição da água à população. Ressalva ainda que os populares têm todo o direito de beber a água da nascente que pretendem. Mas, precisam de saber primeiro o que se está a passar com ela. A câmara leva água potável a todas as casas da Burga, o direito de abrir as torneiras é de cada um dos moradores.
Miguel Midões [20-04-2005]
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