«Dos contadores de histórias à literatura contemporânea» é o título do 4/o Colóquio Anual Internacional da Lusofonia, que este ano se realiza de 3 a 5 de Outubro, em Bragança, com a organização da Fundação Os Nossos Livros e o apoio da Câmara Municipal local, tendo como tema central o problema da língua portuguesa em Timor-Leste.
«Como se impõe uma língua oficial que não é falada pela maior parte dos habitantes», «desenvolvimentos nos últimos cinco anos», «projectos e perspectivas presentes e futuras» serão algumas das questões em análise durante o evento, que terá lugar no Centro Cultural Municipal de Bragança.
Assim, torna-se importante conhecer a literatura timorense, incluindo o problema das origens, para perceber globalmente a sua evolução e principais momentos de inovação e compreender o papel histórico desempenhado pelos intelectuais e políticos timorenses.
«O português faz parte da história timorense. Não a considerar uma língua oficial colocaria em risco a sua identidade», defende o linguista australiano Geoffrey Hull no seu recente livro «Timor-Leste. Identidade, língua e política educacional».
Na sua opinião, a língua portuguesa «tem-se mostrado capaz de se harmonizar com as línguas indígenas» e é tanto mais plausível porque «o contacto com Portugal renovou e consolidou a cultura timorense».
Hull afirma ainda que «o português não é um idioma demasiado difícil para os timorenses pois estes já possuem um relativo conhecimento passivo do português, devido ao facto de que já falam o Tetum-Díli». Além deste tema, estarão em debate durante a iniciativa de três dias a literatura oral e também os problemas da tradução como forma de perpetuar e manter a criatividade da língua portuguesa nos quatro cantos do mundo.
Entre os oradores já confirmados figuram os nomes de Regina Helena Pires de Brito, Programa de Pós-Graduação, Núcleo de Estudos Lusófonos, Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil; Benjamim Corte-Real, reitor da Universidade de Timor-Leste; Geoffrey Hull, director de Investigações e de Edições, Instituto Nacional de Linguística, Universidade Nacional Timor Lorosae; António Barbedo de Magalhães, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP); Adelaide Chichorro Ferreira, Instituto de Estudos Alemães, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; e Lino Moreira, do Instituto de Educação e Psicologia, Departamento de Metodologias da Educação, Universidade do Minho, Braga.
Uma das razões que levou a organização a realizar o 4/o Colóquio Anual Internacional da Lusofonia em Bragança «assenta no facto de a maior parte destes acontecimentos estar centralizada nas grandes urbes sem permitir que as regiões mais desertificadas e afastadas dos centros de poder, tenham ao seu alcance debates sobre a Língua Portuguesa, suas diversidades e propostas inovadoras», explica o presidente da Comissão Executiva do evento, J. Chrys Chrystello, em nota informativa enviada à imprensa.
O programa do colóquio inclui actividades paralelas como uma mostra de artesanato e uma mostra de livros, uma exposição colectiva de pintura e escultura lusófonas, a que se acrescentarão concursos de fotografia, pintura e escultura.
PNN/NN [19-04-2005]
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